Psicoterapias Espaciais: por que são relativamente rápidas na resolução dos problemas dos clientes?

Chamamos de “Psicoterapias Espaciais” as abordagens terapêuticas que utilizam as representações espaciais do cliente. Estas representações encontram-se em seu espaço mental – o modelo de realidade do cliente, criado em sua mente.

Embora de simples aplicação, essas terapias fazem parte de um sofisticado conjunto de recursos e tecnologias de mudança de alta performance. Dentre as Psicoterapias Espaciais, podemos destacar as Constelações Familiares, a Terapia da Linha do Tempo e o Panorama Neurossocial.

E o que faz o trabalho com o espaço mental diferente de outras formas de psicoterapias? Numa entrevista publicada no Journal Europeu de Psicologia, Lucas Derks[1] (2016) explica:

[George Lakoff] alegou que todo o processo de pensamento na mente humana é tridimensional ou espacial, e que a linguagem é apenas unidimensional. Assim, quando as pessoas se comunicam, a gramática da linguagem as ajuda a transcodificar de tridimensional para unidimensional e vice-versa, isso significa que, para compreender o que a outra pessoa comunicou, o receptor deve recriar a sua própria experiência tridimensional. Esta experiência é criada a partir da experiência tridimensional sensorial, transformada em uma linguagem unidimensional e vice-versa.

Lucas aponta para um estudo muito importante do linguista cognitivo George Lakoff que trata de uma questão essencial presente na comunicação verbal: a dificuldade de expressar de maneira prática e precisa diversos aspectos de nossas representações internas.

As representações mentais possuem uma riqueza de detalhes e nuances que são constantemente omitidas na linguagem utilizada no cotidiano. O processo de “traduzir” uma representação mental (tridimensional) em palavras (unidimensional) omite muitos dados importantes que são generalizados pelo receptor – quem interpreta as palavras. Este, por sua vez, cria sua própria representação, com suas próprias características particulares, em seu espaço mental. Existe uma tendência muito grande da imagem mental construída pelo receptor ser diferente daquela que o emissor buscou comunicar.

Lucas Derks (ibidem) explica das vantagens das terapias espaciais sobre um processo terapêutico convencional, baseado na linguagem:

Do meu ponto de vista, a essência em relação ao trabalho com psicoterapias espaciais é que não há necessidade de uma transcodificação da experiência entre o psicoterapeuta e o cliente. E porque o psicoterapeuta não precisa entender o problema do seu cliente, ele pode imediatamente ajudar o cliente a mudar sua experiência tridimensional sensorial.

Essa abordagem acelera consideravelmente o processo.

Por exemplo: o terapeuta não utiliza uma psicoterapia espacial e trabalha com um cliente que sofre de timidez com autoridades. O psicoterapeuta convida o cliente a descrever a situação em que ele é tímido e como essa pessoa o está dominando. Então, o psicoterapeuta deve decodificar a experiência do cliente em sua própria experiência.

Por outro lado, se o psicoterapeuta está usando uma psicoterapia espacial, ele pode observar o cliente descrevendo sua própria experiência e orientá-lo a mover as representações da pessoa percebida como dominadora (para baixo e para mais longe), porque esse tipo de imagem funciona eficientemente em 99% das questões de autoridade”.

Bert Hellinger (2003), conhecido pelo desenvolvimento das Constelações Familiares, também enfatiza o efeito das imagens:

As constelações familiares desenvolvem-se em três fases e criam duas imagens diferentes do sistema familiar: uma imagem da dinâmica destrutiva e outra da solução. […] Ela fornece uma representação visual dos modos pelos quais o sistema familiar continua a influir nos sentimentos e atividades do cliente.

Embora as Constelações Sistêmicas utilizem de alguns pressupostos diferentes dos paradigmas de outras psicoterapias espaciais, pois trabalha com ênfase em representações externas ao espaço mental do cliente, elas convergem a partir da compreensão que estas representações externas também influenciam o espaço mental do cliente. Hellinger (ibidem) também enfatiza os efeitos das imagens quando internalizadas:

A fase final do trabalho é uma constelação que gera a imagem da realidade possível, a Simetria Oculta do Amor em que todos os membros da família ampliada têm um lugar e uma função. Ela é benéfica quando os clientes conseguem permitir que essa nova imagem trabalhe neles, modificando gradualmente sua antiga realidade pessoal.”

A compreensão da importância do espaço como princípio organizador primário da mente se alinha com diversas pesquisas da Neuropsicologia e as conclusões obtidas sobre seu funcionamento. Este é um campo promissor para o desenvolvimento de ferramentas terapêuticas e tecnologias de desenvolvimento humano.

Deseja saber como estas técnicas podem viabilizar soluções para sua vida? Entre em contato com um especialista e agende seu atendimento.

Sobre Lucas Derks

Lucas Derks é PhD em Psicologia, Coach e Master Trainer em Programação Neurolinguística. Reconhecido por suas contribuições inovadoras na PNL e na Psicologia, divulga um novo paradigma que une aportes da Psicologia Cognitiva, a Psicologia Social e a Programação Neurolinguística: a Psicologia do Espaço Mental.

Referências

DERKS, L. On the Emergence of Mental Space in Psychology: Interview With Lucas Albert Charles Derks. Europe’s Journal of Psychology, 2016. Disponível em: http://bit.ly/emergence-mental-space

HELLINGER, B.; WEBER G. e BEAUMONT, H. A simetria oculta do amor: por que o amor faz os relacionamentos darem certo (4a. ed.). São Paulo: Cultrix, 2003.

*Texto inspirado em uma postagem da Mental Space Academy – India